
A Câmara Municipal de Nova Lima foi palco, nessa terça-feira (8), de uma reunião pública marcada por duras críticas ao projeto de Parceria Público-Privada (PPP) que prevê a construção, reforma, modernização e operação de 11 terminais de ônibus na região metropolitana de Belo Horizonte. O encontro reuniu vereadores de Nova Lima e municípios diretamente afetados, como Raposos e Rio Acima, além de representantes da Comissão de Moradores de Ribeirão das Neves e demais sociedade civil. Todos se posicionaram contra a iniciativa, alegando que os municípios não foram ouvidos previamente e que os impactos para as comunidades locais não foram devidamente avaliados.
A ausência de representantes do Governo do Estado também foi severamente reprovada pelos participantes, especialmente diante da falta de informações detalhadas sobre o projeto, seus impactos e a transparência no processo de implantação. A sensação unânime expressa durante a reunião foi a de exclusão dos municípios e falta de diálogo no processo de decisão.
Indignado, o presidente da Câmara de Nova Lima, Thiago Almeida, disse que vai procurar a Prefeitura e a Assembleia Legislativa para que o projeto não seja empurrado “goela abaixo”. “A vida acontece aqui, no município, no bairro, na rua. É onde estão as pessoas. Essa Casa não vai ser carimbadora de projeto ineficiente. Tudo o que o Estado bota a mão é ineficiente. Vai vir, vai construir e vai deixar novamente para a gente a responsabilidade. O terminal que querem implantar para a gente é um dos mais caros, e isso é dinheiro do contribuinte. A nossa posição vai ser contrária a tudo aquilo que tenta colocar a goela abaixo”.
Em Rio Acima, a sensação é a mesma. “A gente as vezes fica um pouco isolado nesse debate, nesse diálogo. Estamos aqui para poder dialogar sobre os impactos para a população. Aguardamos um posicionamento mais claro”, disse o presidente da Câmara, Marcus Morgan, que compôs mesa.
O vereador Gustavo Personal, da cidade de Raposos, também deixou claro a falta de transparência por parte do Estado. “A nossa população sofre há muito tempo com a prestação de serviço de péssima qualidade. E me coloco à disposição para correr atrás de melhorias. A questão desta construção deste terminal, acredito eu, que possa ser uma boa ideia, porém, se não tem um projeto apresentado não tem que ser feito. Eu acredito que tudo que é bom não tem que ter medo de aparecer”.
Segundo Gabriel Souza, membro da Comissão de Moradores de Ribeirão das Neves, o projeto acaba com o transporte metropolitano. “Na nossa região, hoje, a gente tem 38 linhas, que abrangem os municípios de Ribeirão das Neves e Esmeraldas. Se vocês buscarem no projeto, Esmeraldas não aparece. É a segunda maior linha da garagem da região. É um projeto que acaba com o transporte metropolitano ao todo. Para ver como que o projeto é tão insano, que ele não envolve os vizinhos. Agora você imagina o transtorno… A gente veio aqui justamente, porque esse projeto não pode ser parado aqui em Nova Lima. Ele tem que ser um projeto que tem que ser parado no todo”.
PPP
O projeto prevê R$ 447 milhões em investimentos para obras de construção e reforma dos terminais, além de aproximadamente R$ 1 bilhão destinados à operação e manutenção ao longo de 30 anos de contrato.
Em Nova Lima, a proposta envolve diretamente a construção de um terminal, que preocupa moradores pela possível sobrecarga na infraestrutura urbana e pela falta de clareza quanto aos benefícios concretos para a população local.
Outros terminais previstos estão localizados em Contagem (Petrolândia, Ferrugem e Eldorado), Ribeirão das Neves (Veneza), Betim (Regap), São José da Lapa, Lagoa Santa/Vespasiano e Pedro Leopoldo.