







A Câmara Municipal de Nova Lima inaugurou, nessa quarta-feira (2), a exposição “Nossa gente, nossa história”, que homenageia personalidades negras fundamentais para o desenvolvimento cultural, social e político da cidade. A abertura, realizada no plenário da Casa, reuniu vereadores, familiares, homenageados e representantes da sociedade civil.
Participaram da cerimônia o presidente da Câmara, vereador Thiago Almeida, os vereadores Pedro Dornas e Viviane Matos, além dos homenageados Ademir Marques (Pelé), Edna Jacinto, Mônica Jacinto e Milton Damásio. Também estiveram presentes Jorge Pimenta, representando José Gomes Pimenta (Dazinho); Marise Gomes, representando Dona Maria Cesário; Maria Victoria, representando Wilson Alexandre; a coordenadora de projetos da Câmara, Juliana Rocha; a coordenadora da Escola do Legislativo, Tatiana Dias; e os idealizadores da exposição, Mariana Campos e João Pedro (Pelezinho).
Promovida pela Escola do Legislativo, a exposição resgata memórias e valoriza histórias que, por muito tempo, foram silenciadas nos espaços de poder. A iniciativa, que começou a ser construída em maio deste ano, integra as ações da Câmara em prol da diversidade e da representatividade.
Para Juliana Rocha, coordenadora de projetos da Casa, a exposição é fruto de um esforço coletivo. “Este projeto só foi possível porque muitas mãos se uniram. Os movimentos de pessoas negras se tornaram patrimônio da nossa cidade”, destacou.
Um dos idealizadores, João Pedro (Pelezinho), contou que a proposta surgiu da ausência de referências negras nos espaços públicos e institucionais da cidade. “Nova Lima é uma cidade majoritariamente negra. E esta é a casa do povo. Existe lugar melhor para valorizar a nossa história e nossa cultura?”, refletiu.
Mariana Campos, também idealizadora, reforçou a importância da iniciativa para o fortalecimento da autoestima de crianças e jovens. “Muitos alunos não conseguiam se reconhecer em suas origens, especialmente diante das desigualdades e da falta de exemplos positivos. Esta exposição é um passo importante para mudar isso”, avaliou.
Entre os homenageados, Ademir Marques (Pelé) destacou a urgência de ocupar os espaços e provocar as transformações necessárias. “Essa visibilidade vai incomodar, sim, porque precisamos abrir espaços. E é assim que deve ser”, afirmou.
Edna Jacinto lembrou da luta contínua do povo negro por condições dignas. “Queremos ser reconhecidos e pertencer. Não buscamos ser iguais a todos, mas ter os mesmos direitos.”
Mônica Jacinto trouxe uma reflexão profunda sobre a invisibilidade. “Aprendi que o que é pouco visto causa estranheza. Imagine então o que é invisível. Assim é o povo negro em Nova Lima.”
Milton Damásio relembrou a construção do movimento negro na cidade, desde a fundação do grupo Ébano até as ações educativas nas escolas, muitas vezes enfrentando resistência. “Negritude não é cor de pele. É atitude. É dar o primeiro passo, é ter coragem de enfrentar.”
O presidente da Câmara, vereador Thiago Almeida, reforçou o compromisso com a inclusão e a participação popular. “Quando cheguei aqui, meu compromisso era abrir as portas da Câmara. Fizemos isso e vamos continuar fazendo. Esta Casa precisa ser, cada vez mais, a casa do povo”, declarou.
A exposição apresenta a trajetória de oito personalidades negras que marcaram Nova Lima: Ademir Marques Joaquim (Pelé), Edna Antônia Jacinto, Dona Maria Cesário, Dinilson Germano Silva, Milton Damásio, José Gomes Pimenta (Dazinho), Tio Wilson (Wilson Alexandre) e Mônica Regina Jacinto. O público pode visitar a exposição até o dia 3 de agosto, na galeria de artes da Câmara Municipal de Nova Lima, no centro da cidade.