Nessa terça-feira (24) aconteceu mais uma Sessão Ordinária na Câmara Municipal de Nova Lima, conforme dispõe o artigo 78 do Regimento Interno.
Na pauta do dia foram aprovados Projetos de Leis importantes para a cidade, como o nº 2.535/2025, de autoria do vereador Adilson Taioba, que “autoriza e institui a Política Municipal para a População em Situação de Rua do Município de Nova Lima”. O texto busca garantir direitos, proteção e oportunidades a essas pessoas por meio de assistência social, saúde, habitação, trabalho e renda. Para isso, o autor sugere uma atuação conjunta de secretarias municipais, o diálogo com a sociedade civil e a criação de um Plano Municipal de Atendimento, com eixos temáticos e recursos orçamentários próprios. “Estamos falando de vidas. De pessoas que precisam ser vistas, ouvidas e respeitadas”, defende o autor.
O presidente da Câmara Municipal de Nova Lima, vereador Thiago Almeida, reforçou que o projeto é um avanço importante na luta por dignidade e cidadania, e um problema que precisa de envolvimento de outros poderes. “Há 8 anos se discutia sobre moradores de rua em frente à praça, à prefeitura e à Câmara. Temos quantas pessoas vivendo em situação de rua que não são moradores de rua? Essa população só dobra e está quase inevitável controlar com as ações que temos hoje. Nós temos um problema que não vamos resolver sozinhos. Se a gente não chamar a Prefeitura e o Ministério Público, a gente não vai resolver esse problema. É uma discussão que vai muito além do Executivo e do Legislativo, precisamos do Judiciário. E venho aqui pedir aos vereadores que a gente envolva todo mundo em um só foco, em um só caminho. Se não for dessa forma vamos discutir várias vezes e não vamos ser efetivos”, cobrou o presidente.
Ainda durante a Sessão foi aprovado em dois turnos e segue para sanção do prefeito o Projeto de Lei nº 2.558/2025, dos vereadores Gliverson Marques e Viviane Matos, que inclui o “Fogueirão da Boa Vista” no Calendário Oficial de Eventos do Município de Nova Lima”. Trata-se da montagem de uma fogueira comunitária, acompanhada de programação cultural (música, dança, contação de causos), além de oficinas temáticas e barraquinhas de comidas típicas. A data escolhida coincide com as festas juninas, reforçando o valor histórico, cultural e turístico da tradição local.
O Projeto nº 2.542/2025, de autoria do vereador Wesley de Jesus, que trata da “obrigatoriedade de lei específica para atualização da base de cálculo do Imposto Predial e Territorial Urbano – IPTU” foi rejeitado por maioria dos votos e não segue para as próximas etapas do processo legislativo.
Consórcio metropolitano
Os vereadores aproveitaram a ocasião para alertar a população sobre as audiências públicas para apresentação do projeto de Parceria Público-Privada (PPP) para construção, reforma, modernização e operação de 11 terminais de ônibus metropolitanos. O novo terminal em Nova Lima deverá ocupar uma área com mais de 12 mil metros quadrados, próximo da rodovia MG-030, no bairro Fazenda do Benito. A ideia é aprimorar o Transporte Estadual Metropolitano (Trem), otimizando as rotas já existentes e a integração com o metrô da RMBH.
O primeiro de cinco encontros aconteceu na segunda-feira (23), no Centro de Educação Ambiental (Rua Lauro Magalhães Santeiro, 1491 – Chácara dos Cristais), e contou com a presença do Presidente da Câmara, Thiago Almeida, e outros vereadores. Durante a reunião, a população terá a oportunidade de conhecer os detalhes do projeto, bem como de enviar sugestões, contribuições e questionamentos.
Além de Nova Lima, o projeto prevê a construção dos terminais Petrolândia e Ferrugem, em Contagem, Veneza, em Ribeirão das Neves, Regap, em Betim, São José da Lapa e Lagoa Santa/Vespasiano. Ainda serão requalificados os terminais Eldorado, em Contagem, e o de Pedro Leopoldo, no vetor norte da região metropolitana de Belo Horizonte. Outros dois terminais estão sendo construídos pelos próprios municípios, sendo contemplados para operação e manutenção pelo contrato de concessão. É o caso do terminal Várzea das Flores (Darcy Ribeiro), financiado e edificado por Contagem, e o terminal de Santa Luzia, que conta com recursos do Estado e obra realizada pela prefeitura.
O vereador Abner, que esteve na audiencia pública, pediu ao Poder Estadual que, antes de implanter o consórcio, invista no sistema que a cidade já oferece à população. Ele também solicitou ao presidente da Casa que use sua boa relação com os demais poderes para assumir a discussão em torno do assunto. “Antes de propor uma ação nova, não é melhor cuidar do que tem? Melhorar o que hoje tem? Queria deixar um convite pra gente assumir a liderança desse assunto, talvez com a lideração do senhor, presidente, pra gente assumir essa discussão. Por que eu estive na audiência pública e sai de lá sem resposta para várias perguntas”.
Outro presente na reunião, vereador Pedro Dornas, disse que se sentiu diante de um cavalo de Troia. “Estive lá e posso dizer que estamos diante de um cavalo de Troia. O receio que temos é que os ônibus deixem de passer pelo Centro de Nova Lima e cause um grande prejuízo para a população, que acorda cedo para estudar e trabalhar. Se a gente não reagir nós vamos ser tratorados”.
O vereador Mael pediu respeito ao povo nova-limense. “Foi uma falta de respeito. Eu estive na reunião, que foi em um lugar onde não passa ônibus, não tem iluminação, a população não tem acesso. Eu senti que foi um atropelo total. Isso é um absurdo”.
Ao final, o presidente da Câmara se comprometeu a se reunir com o prefeito de Nova Lima e esclarecer o projeto aos moradores da cidade. “Moradores de Rio Acima e Raposos nem ficaram sabendo da reunião. Podemos pedir uma reunião com o prefeito João Marcelo, presidente da Granbel, que tenho certeza que não sabe como as coisas estão sendo feitas. Temos de ter atenção a isso. Quem vai pagar a conta, mais uma vez, será a população. Temos de criar mecanismos e soluções para discutir isso. Tenho certeza que com a força que temos, vamos conseguir barrar aquilo ali”.
Hospital Nossa Senhora de Lourdes
O vereador Taioba aproveitou a reunião para denunciar a má gestão do Hospital Nossa Senhora de Lourdes, onde esteve internado recentemente. Segundo ele, o serviço prestado à população é ruim, a estrutura da unidade é precária e não há transparência em relação à prestação de contas dos recursos recebidos, que giram em torno de R$ 60 milhões. Emocionado, ele disse que “vai puxar o fio deste novelo e, se tiver coisa errada, que o responsável vá para a cadeia”. “Deus queira que não tenha nada errado. Eu sai de lá sem laudo. Não tinha ninguém para fazer uma tomografia. Eu estava com 95% de uma veia obstruída e não foi detectado. Isso tem que parar. Essa Casa tem o poder de falar, tem o poder de fiscalizar. A gente precisa respeitar as pessoas, ou por bem ou por mal”. O vereador Anisio Clemente fortaleceu a denúncia. “O setor de Hemodinâmica precisa ser revisto, tem que ser refeito. O problema lá é gestão. Essa parte cardiológica tem que ser revista pela Prefeitura e pela Secretaria de Saúde”.
Já o vereador Álvaro Azevedo pontuou que é preciso “cautela para que a instituição de saúde não seja demonizada”. “É preciso confeir com muito rigor. Já fui operado no hospital e tive uma experiência muito diferente da que o senhor teve. Estou aqui são e salvo. Temos de apurar com muita clareza”.
O presidente, Thiago Almeida, disse que vai reunir forças para apurar a denúncia. “Conte com a gente, Taioba, com o nosso apoio, com a assistência da Casa. Tenho certeza que, juntos, vamos sair vitoriosos. São R$ 60 milhões repassados ao hospital, cerca de 25% do nosso orçamento da saúde. Temos de cobrar e averiguar como estão as coisas lá”. O vereador Gliverson Marques, Presidente da Comissão de Saúde, e os demais parlamentares também se colocaram à disposição para reforçar o coro por transparência e melhorias.